sábado, 28 de julho de 2007

Coração

Coração

Ai, coração, e agora, o que faço?
Você bate tão de mansinho, quase não o ouço.
Tão baixinho, tão escondido, não te sinto.

Estou de volta a minha solidão.
Ela sorri e me abraça.
É tão frio seu abraço, tão vazio,
E tão cheio de nada.

Chove, coração. Está ouvindo?
Até parece que a natureza adivinha,
Ela é sabia, pois traduz o que estou sentindo.

Pois as lágrimas que verti por dentro.
Estão lá fora, inundando o mundo.

De repente, quem sabe, a chuva que agora ouço.
Pode servir de cobertor, aos solitários, aos sem ninguém.

E que, por terem a solidão como companheira.
E não terem ninguém com quem compartilhar-se.
Sentem mais que muita gente, sentem mais profundamente.

E agora, coração?
Quem vai ouvir o meu grito?
E entender o meu pranto?

Não existe mais o acalanto.
Não existe mais o aconchego.
Não existe mais o ombro amigo.

E agora, coração, o que faço?
Sou forte, mas também sou criança!!!

(A.D.)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Contemplo


Contemplo

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?


autor: Fernando Pessoa

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Caminhada


Caminhada

Sei que na minha caminhada tem um destino e uma direção, por isso devo medir meus passos, prestar atenção no que faço e no que fazem os que por mim também passam ou pelos quais passo eu.
Que eu não me iluda com o ânimo e o vigor dos primeiros trechos, porque chegará o dia em que os pés não terão tanta força e se ferirão no caminho e se cansarão mais cedo.
Todavia, quando o cansaço houver, que eu não me desespere e acredite que ainda terei forças para continuar, principalmente quando houver quem me auxilie.
É oportuno que, em meus sorrisos, eu me lembre de que existem os que choram, que, assim, meu riso não ofenda a mágoa dos que sofrem: por outro lado, quando chegar a minha vez de chorar, que eu não me deixe dominar pela desesperança, mas que eu entenda o sentido do sofrimento, que me nivela, que me iguala, que torna todos os homens iguais.
Quando eu tiver tudo, farnel e coragem, água no cantil, e ânimo no coração, bota nos pés e chapéu na cabeça, e, assim, não temer o vento e o frio, a chuva e o tempo.
Que eu não me considere melhor do que aqueles que ficarão atrás, porque pode vir o dia em que nada terei mais para minha jornada e aqueles, que ultrapassei na caminhada, me alcançarão e também poderão fazer como eu fiz e nada de fato fazer por mim, que ficarei no caminho sem concluí-lo.
Quando o dia brilhar, que eu tenha vontade de ver a noite em que a caminhda será mais fácil e mais amena; quando for noite, porém e a escuridão tornar mais difícil a chegada, que eu saiba esperar o dia como aurora, o calor como bênção.
Que eu perceba que a caminhada sozinho pode ser mais rápida, mas muito mais vazia.
Quando eu tiver sede, que encontre a fonte no caminho, quando eu me perder, que ache a indicação, a seta, a direção.
Que eu não siga os que desviam, mas que ninguém se desvie seguindo os meus passos.
Que a pressa em chegar não me afaste da alegria de ver as flores simples que estão a beira da estrada.
Que eu não perturbe a caminhada de ninguém.
Que eu entenda que seguir em frente faz bem, mas que, às vezes, é preciso ter-se a bravura de voltar atrás e recomeçar e tomar outra direção.
Que eu não caminhe sem rumo.
Que eu não me perca nas encruzilhadas.
Que eu não tema os que assaltam-me, os que embuçam.
Que eu vá onde devo ir e, se eu cair no meio do caminho, que fique a lembrança de minha queda para impedir que outros caiam no mesmo abismo.
Que eu chegue, sim, mas, ainda mais importante, que eu faça chegar quem me perguntar, quem me pedir conselho, e acima de tudo, me seguir, confiando em mim!

(A.D.)

sexta-feira, 20 de julho de 2007

O Amigo Mais Querido Do Mundo


O Amigo Mais Querido do Mundo

Não se entristeça. O presente esta tão perto, no entanto você não o alcança.
Dê um sorriso!
Você representa a essência da vida e ninguém, além de você mesmo, pode te entristecer.
Existem várias pessoas esperando, aquele seu sorriso e alegria. Existem várias pessoas querendo lhe transmitir todo espírito de paz existente e todos eles querem te fazer sorrir.
Lembre-se sempre que você pode não ter sido importante para um reles indivíduo que teimou em acreditar que é mais humano que os outros, que tinha fé na ousadia, que pensava, tão somente, em usar e abusar de sua paciência, de seu carinho, de seu amor.
Porém, a sua importância cresce e se multiplica no coração de seus verdadeiros amigos.
Dê um sorriso!
Retire a mágoa e o ódio de seu espírito, pois eles ainda são uma ligação sua para um mundo que não te pertence, não te pertence porque esse mundo não te merece. Você é mais que esse mundo, e sua força é maior que todo sentimento frustrado que sentiu.
O amor é uma força constante; morre para uns, nasce para outros e quando nasce em pessoas erradas o choque é pior que a desilusão, mas quando a vítima é uma pessoa forte e querida como você, o peso da decepção é subjugado, pois é isso que esperamos de você.
Dê um sorriso!
Acredite que, enquanto um te menospreza, vários ainda te prezam e tem fé na sua grande vontade de viver.
Hoje queria somente que sorrisse, mas queria que esse sorriso fosse diferente, que tocasse mais o íntimo de teu ser. Que mexesse com tuas tristezas e trouxesse para fora muitas alegrias que desde muito estão depositadas em teu coração. Sei que não é difícil arrancar um sorriso verdadeiro de você,e hoje queria te ver desvairar-se de alegrias!
Ontem muitas tristezas podem haver te machucado. Amanhã, quem sabe?
Tenho certeza que será sempre cheia de alegrias e felicidades. Mas hoje não há tristeza, e nem deve ter, e que o momento presente seja a única ocasião que temos para viver plenamente a vida.
Dê um sorriso!
Hoje queria cantar uma linda canção para você, e queria que a entonação da música se transformassem em flores e que as palavras mais lindas, inspiradas pelo amigo, que é você, chegassem ao seu ouvido numa forma de carinho e sinceras felicitações.
Amigo (a), preciso de seu sorriso!
A amizade é o maior bem que a vida nos deu.
Retribua!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Para Quem Quer Aprender a Gostar


Para Quem Quer Aprender a Gostar

Talvez seja tão simples, tolo e natural, que você nunca tenha parado para pensar em aprender a fazer bonito o seu amor! Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito. Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender. Tenho visto muito amor por aí. Amores bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, mas esbarram na dificuldade de se tornarem bonitos. Apenas isto: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
Aí, esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados tão somente porque não sabem ser bonitos. Cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem; enchem-se de razões.
Ter razão é o maior perigo do amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, eqüidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão.
Nem queira, ter razão é um perigo: em geral enfeia o amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.
Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito?
De que está tirando o gosto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível? Talvez não.
Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido da sua parte necessitada, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do que isto sofre e, sofrendo, deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança nenhum amor é bonito.
Não tema o romantismo. Derrube as cercas de opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se encabulamentos.
Ser flagrado gostando; não se cansar de olhar; olhar e não atrapalhar a vivência com teorizações, adiar sempre com beijos, "aquela conversa importante que precisamos ter"; arquivar as reclamações pela pouca atenção recebida.
Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama bonito, não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
Não teorize sobre o amor(deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como a criança de nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos).
Apenas ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Não tenha medo exatamente de tudo que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.
Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, esperteza, atitudes subitamente eficazes (não é sábio ser sabido); seja apenas você no auge de sua emoção e carência , exatamente aquele você que a vida impede de ser.
Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteiras, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez aí, você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo amor, ou amar fazendo seu amor bonito, sempre que ele seja a verdadeira expressão de tudo que você é e nunca conseguiu, soube, pôde ou possível ter.
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe com ele e suas definições. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você.
Ame-o suficiente para ser capaz de cuidar do amor e, só assim, pode fazer o outro feliz.

(A.D.)

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Amor Maduro

Amor Maduro

Amor é privilégio de maduros
Estendidos na mais estreita cama,
Que se torna a mais larga e mais relvosa,
Roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
O prêmio subterrâneo e coruscante,
Leitura de relâmpago cifrado,
Que, decifrado, nada mais existe.
Valendo a pena e o preço do terrestre,
Salvo o minuto de ouro no relógio
Minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
Depois de se arquivar toda a ciência herdada, ouvida.
Amor começa tarde...

autor: Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Amor


Amor...
Sentimento puro captado por aqueles que o vivem.
No amor poucos sobrevivem a fortes experiências contidas neste sentimento.
Muitos se tornam em lamentos.
Muitos vivenciam sofrimentos, almas abatidas, desgastadas na dor na amargura do coração em descompasso.
Amor sentimento nobre que tantos o fazem pobre.
Quantos nas paixões se ferem, marcam suas vidas em lágrimas caídas, não correspondidas.
Quantos colocam uns nos corações dos outros sentimentos de responsabilidade e se retiram deixando dor e saudades.
Quantos marcam com ferro em brasa e se vão deixando sem socorro, almas sofridas, perdidas desiludidas.
Sentimento nobre de elevação, mas que muitos se aproveitam, brincam, iludem, e se vão ,esmagando sem piedade a dor daqueles do qual foram responsáveis pela paixão.
Se não puderes corresponder, jamais envolva alguém para trazer o sofrer.

(A.D.)

domingo, 15 de julho de 2007

Amor

Amor

Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter, com que nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

autor: Luiz Vaz de Camões

sábado, 14 de julho de 2007

Amar É Ser Feliz


Amar É Ser Feliz

Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fontedas alegrias da vida.
Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo.
O dinheiro não era nada, o poder não era nada.
Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.
A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.
Também a saúde não contava tanto assim. Cada um tem a saúde que sente.
Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer.
A felicidade é amor, só isto. Feliz é quem sabe amar. Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa. O amor é o desejo que atingiu a sabedoria. O amor não quer possuir. O amor quer somente amar.

autor: Hermann Hesse

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Amanheceu


Amanheceu...

O céu se fazia negro, mas não perdia a beleza, estrelas o adornava, brilhantes, organizadas. Manto de namorados, de preces, de sonhos, de insônias. Numa metamorfose natural, começou a dar lugar a uma claridade, pintado de nuanças várias.
Veio o primeiro azul, tímido. Veio o primeiro laranja, igualmente tímido. E veio o sol, rei, imperativo, único, de vida e luz! Testemunha dos que acordam cedo, dos que não conseguiram dormir, dos que retornam, dos que se vão. Vem sol!
Mais um dia começa, nele a esperança, de alegria, de recomeço, de mudanças, de entendimentos, de encontros, de livrar-se das velhas amarras, de liberdade!
O verde realça em seus vários tons. Tudo se aviva, e avivamos nós, como se em cada dia, pudéssemos ter a magia das boas novas, esperanças que não se vão, sonhos que nos impulsionam, que tanta força dão.
Hoje, um novo dia! Amanheceu lá fora, amanheceu dentro de cada um. E as fases vão mostrando a cara, velhas caras que sempre se apresentam novas, com humildade. Agora o sol está lá fora, brilhará por seu tempo, cederá o lugar outra vez à noite, à chuva, à nuvens. Seus substitutos vitalícios. E, cada um com seu encanto, mesmo com nossos desencantos, cumprem seu papel.
Mais um dia se fez. Amanheceu!!!!

autora: Jane Lagares

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Almas Perfumadas


Almas Perfumadas


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o sapato pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

(A.D.)

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Almas Gêmeas


Almas Gêmeas

Conta a lenda grega que Zeus teria criado um ser único em sua existência. Andrógeno se chamava e esse ser era infinitamente feliz, pois era completo. Era homem e mulher no mesmo corpo e assim tinha poderes incalculáveis. Foi a maior criação de Zeus, um ser completo, único a ser feliz no mundo mortal.
Porém um dia, os andrógenos estavam entediados por serem completos. Queriam e pensaram poder ter mais e então resolveram destronar Zeus. E se tornarem os primeiros mortais a ocuparem um trono divino. Só que Zeus facilmente descobriu que eles estavam escalando o Monte Olimpo. E então enfurecido pela traição, pelo não agradecimento, pensou em matá-los.
Porém, se os matasse quem o iria admirar aqui na Terra? Mas, eles teriam que pagar um preço pela traição.
Zeus pensou numa vingança, mas não uma vingança comum. Seria uma que valesse por toda a eternidade, por todas as gerações. Então Zeus deu-lhes o maior dos castigos que um mortal poderia suportar. Sem piedade separou-os ao meio, e assim Homem e Mulher, que antes habitavam o mesmo corpo e eram completos, dividiram-se pela eternidade e espaço afora.
Daquele dia em diante cada parte teria que arcar com o fardo mais triste do universo. O de procurar a sua outra metade e assim surgiu o Amor. Pois na caminhada difícil e longa de se encontrar a metade que nos completasse começou a existir a carência, os desejos, a tristeza. E a felicidade real quando se encontrava a metade de si que estava faltando. E para quem não encontrasse, o "castigo" seria um eterno procurar a metade que faltava, pois precisava dela para viver.
E assim, diria que o Amor é um estado de carência enquanto buscamos a outra metade. É um estado de solidão quando descobrimos que a outra metade pode estar longe demais, em qualquer parte do espaço. É uma busca sem direito ao cansaço, pois o Amor é mais que sexo. Pode ser um olhar expressivo, ou um sorriso único na multidão, ou pode ser ainda um beijo que jamais será igual. O amor é união absurda e completa e só quem já amou sabe.
Almas gêmeas quando se encontram, nem um outro poder gerado por mortais pode desunir, pois é uma união abençoada pelo Universo e por Zeus. A espera por ela é louca, pois esse é o preço que todos os mortais terão que pagar por não terem valorizado o que tinham, ofertado tão divinamente por Zeus, mas, a verdade é única, a sua metade existe sim.
O amor verdadeiro, nem o espaço, nem o tempo, nem a morte pode separar. E enquanto o mundo existir, estaremos a percorrer trilhas, chorar, cair e levantar. Continuaremos a procurar a verdadeira fonte de nossa existência, a nossa metade, a nossa alma gêmea.

(A.D.)

terça-feira, 10 de julho de 2007

Ainda Existe Uma Chance

Ainda Existe Uma Chance


Ainda existe uma chance...
Sim, ainda existe uma chance
Mesmo que distante
Mesmo que lá no fim do horizonte
Ainda existe uma pequena chance
Que me faça esquecer
Que você fez meu coração adoecer
Existe um fio que ainda não foi cortado
Um pavio que não foi de todo queimado
Um desvio que ainda não foi trilhado
Um carinho que ainda trago guardado
Podemos ao menos tentar um novo caminho
Um que não esteja cheio de espinhos
Nem sofrido, nem desgastado
Existe uma chance
Mesmo com o vaso quebrado
Com o cristal trincado
Com o vidro arranhado
Com o coração dilacerado
Existe um caminho em ruínas
Que vamos ter que reconstruir
Um sentimento que teremos que resgatar
Pra não submergir nesse mar
Um carinho sincero
Que ficou seriamente abalado
Um chão que me foi tirado
Um tesouro que me foi roubado
Um passado que me foi arrancado
Mas ainda existe uma chance sim
Mas preciso procurá-la
Tenho que encontrá-la
Escondida que deve estar
Em algum lugar
Em alguma esquina
Entre a sua tristeza e a minha
E o meu sorriso
Que estou lhe enviando
Que você vez por outra vê passando
Hoje é mentiroso
Triste e desgostoso
Hoje, não sei como recomeçar
Não sei mais pra quem
O meu sorriso sincero posso dar
Nem sei por onde, até você chegar
Faltam-me as palavras
E aquelas risadas
Falta-me vontade
Estou cansado
Triste, amargurado
Mas existe uma chance
Embora que muito distante
Preciso antes de tudo
Secar minhas lágrimas
Estancar um certo sangramento
E quem sabe um dia
Pedir o seu perdão
Por não ter aquele coração
Tão grande
Tão misericordioso
Tão aconchegante e gostoso
Que você imaginou
E por isso um pedaço dele amputou
Mas deve existir alguma chance
Em algum canto
Em nosso louvor
Porque afinal...
Ainda existe amor.

(A.D.)

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Afinidade

Afinidade

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial. Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar; apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

autor: Arthur da Távola

domingo, 8 de julho de 2007

A Urgência de Viver


A Urgência de Viver

"O que você fez HOJE é muito importante, porque você está trocando um dia de sua vida por isso.
Esperamos demais para fazer o que precisa ser feito, num mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem nenhuma garantia do amanhã.
Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos à nossa disposição um estoque inesgotável de tempo.
Esperamos demais para dizer as palavras de perdão, que devem ser ditas para pôr de lado os rancores, que devem ser expulsos para expressar gratidão, para dar ânimo, para oferecer consolo.
Esperamos demais para ser generosos, deixando que a demora diminua a alegria de dar espontâneamente.
Esperamos demais para ser pais de nossos filhos pequenos, esquecendo quão curto é o tempo em que eles são pequenos, quão depressa a vida os faz crescer e ir embora.
Esperamos demais para dar carinho aos nossos pais, irmãos e amigos. Quem sabe tão logo será tarde demais?
Esperamos demais para ler os livros, ouvir as músicas, ver os quadros que estão esperando para alargar nossa mente, enriquecer nosso espírito e expandir nossa alma.
Esperamos demais para enunciar as preces que estão esperando para atravessar nossos lábios, para executar as tarefas que estão esperando para serem cumpridas, para demonstrar o amor que talvez não seja mais necessário amanhã.
Esperamos demais nos bastidores, quando a vida tem um papel para desempenhar no palco.
Deus também está esperando nós pararmos de esperar. Esperando que comecemos a fazer agora tudo aquilo para o qual este dia e esta vida nos foram dados.

É hora de VIVER!"

(A.D.)

sábado, 7 de julho de 2007

A Razão e A Emoção


A Razão e a Emoção

Ninguém jamais conseguiu explicar como foram criadas as almas gêmeas, mas eu me lembro bem dessa história. Estavam lá no céu, todas as almas, umas eram somente razão, outras somente emoção, duas filas distintas. Finalmente, chegou a minha vez de ser colocada em uma das filas. Olhei para ambas e me identifiquei com a da razão. Acontece, porém, que quando avistei você na da emoção, meus olhos brilharam, foi como se fosse um imã a me puxar. Aproximei-me do Criador e lhe disse:
-- Eu gostaria de ficar na fila da emoção, pode ser? ... é que existe uma doce alma por lá, que me encantou.
-- Está bem, falou-me Ele, você até poderá escolher seu lugar, mas antes quero lhe explicar algo, depois então você fará a sua opção.
"Existem almas que são gêmeas, tudo nelas é igual, a única diferença que eu coloquei foi a razão e a emoção, justamente para que elas possam se completar, é como se fosse um encaixe. Possuo uma grande percepção para distinguir as almas gêmeas e por isso entendi, que aquela que se encontra ali na fila da emoção é a sua (Ele falou apontando para você). Daí querer te colocar na da razão."
"Caso vocês fiquem juntas, o encanto das almas gêmeas se acabará, ao passo que se ficarem separadas, ele permanecerá. No entanto, devo lhe contar algo, as almas gêmeas, nem sempre se encontram, porém vivem sempre unidas pelo coração e por elas próprias. Por outro lado quando se encontram, jamais se separam, nem mesmo eu consigo executar esse afastamento."
Entendi naquele momento que a razão não sobrevive sem a emoção, e a emoção por sua vez, precisa da razão para viver.
Nesse instante fiz a minha escolha:
-- Prefiro a fila da razão!
Encaminhei-me para o meu lugar, me posicionei e nesse mesmo instante, você, que não tinha até então percebido a minha presença, olhou-me e sorriu! Hoje, eu sou a razão, você a emoção, eu te dou o chão e você me leva à lua. Hoje, eu entendo o que o Criador quis me dizer com: "...é como se fosse um encaixe." Hoje, eu sou a razão correndo atrás da emoção e você a emoção pedindo aos céus que eu possa pertencer a mesma fila que você.
Mas, o que que você não sabe é que fui eu mesma quem escolheu o meu lugar, só para ser a sua alma gêmea. O que você não sabe é que, mesmo antes de pertencer a qualquer uma das filas, eu já te amei. Quando voltarmos para o lado de lá, você há de entender tudo isso e se eu puder escolher uma das filas novamente, eu ainda vou querer ficar separada de você.
A única diferença é que escolherei a fila da emoção para sonhar como você sonhou e que você fique na da razão para entender como eu sofri!

autora: Silvana Duboc

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A Primeira Vez

A Primeira Vez

Quando nós nos conhecemos
Num segundo percebemos
Que em nós dois
Tanta coisa poderia
Existir daquele dia
Pra depois
A impressão que eu sentia
Era que te conhecia
Há muito tempo atrás
A primeira vez
Que eu vi você
A primeira vez

Por aquele nosso encontro
Eu não sei por quanto tempo
Eu esperei
O lugar aonde fomos
E até mesmo o que falamos
Eu guardei

Era fim de madrugada
A chuva fina na calçada
Eu te segurei
A primeira vez
Que eu beijei você
A primeira vez

Outras vezes nós nos vimos
E em cada vez sentimos
Que o amor
Se excedia em cada beijo
E nos abraços o desejo
Explodia em nós

Numa noite inesquecível
Controlar foi impossível
Tudo aquilo a sós
A primeira vez
O amor se fez
A primeira vez

Acordávamos sorrindo
Cada vez era mais lindo
O amanhecer
Era tanta poesia
Transbordando em nossos dias
Que eu nem posso crer
Que naqueles dois amantes
Tanto amor não foi bastante
Pra evitar o fim
Você disse adeus
Tudo terminou
Na primeira vez

Você disse adeus
Tudo terminou
Na primeira vez

Você disse adeus
Tudo terminou
Na primeira vez

Você disse adeus
Na primeira vez

autor: Roberto Carlos

quinta-feira, 5 de julho de 2007

A Paz


A Paz

A paz que mora hoje em meu peito é tão diversa daquela que julguei um dia ter.
Quando somos mais jovens, menos experientes, julgamos que a paz é silêncio, repouso, uma vida sem problemas, sem stress.
Porém o tempo nos faz entender que paz também é movimento, trabalho, fé, esperança, consciência da missão bem cumprida, certeza de que pelo menos, tentamos fazer o melhor.
Paz é o som do riacho que passa, dos passarinhos que vem dizer bom-dia, das crianças que brincam num dia de sol.
Ter paz é sonhar acordado, permanecer sereno em meio ao desconsolo e à agitação.
Ter paz é não ter vergonha de sorrir, de chorar, de pedir, de agradecer.
Ter paz é ter força para continuar mesmo quando muitos te dizem para voltar, mas algo mais forte, dentro de você, diz que é preciso continuar caminhando para frente.
Levar a paz é muitas vezes levar alegria, consolo, mas outras tantas, é também dividir, debater, buscar novos modos de ver a vida, novas verdades, novos caminhos.
Buscar a paz é lutar sempre pelo amor, manter alma e coração leves, independente daquilo que o mundo apresenta ao teu redor.
Que a paz, a verdadeira paz, possa fazer sempre morada em nossos lares, nossas vidas, nossos caminhos.

(A.D.)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A Nuvem e A Duna


A Nuvem e A Duna

Uma jovem nuvem nasceu no meio de uma grande tempestade no Mar Mediterraneo. Mas sequer teve tempo de crescer ali; um vento forte empurrou todas as nuvens em direção á África.
Assim que chegaram ao continente, o clima mudou: um sol generoso brilhava no céu, e embaixo se estendia a areia dourada do deserto do Saara. O vento continuou empurrando as nuvens em direção ás florestas do sul, já que no deserto quase não chove.
Entretanto, assim como acontece com os jovens humanos, também acontece com as jovens nuvens: ela resolveu desgarrar-se dos seus pais e amigos mais velhos, para conhecer o mundo.
-- O que você está fazendo? - reclamou o vento. O deserto é todo igual! Volte para a formação, e vamos até o centro da África, onde existem montanhas e árvores deslumbrantes!
Mas a jovem nuvem, rebelde por natureza, não obedeceu: pouco a pouco, foi baixando de altitude, até conseguir planar em uma brisa suave, generosa, perto das areias douradas. Depois de muito passear, reparou que uma das dunas estava sorrindo para ela. Viu que ela também era jovem, recém formada pelo vento que acabara de passar. Na mesma hora apaixonou-se por sua cabeleira dourada.
-- Bom Dia - disse - como é viver aí embaixo?
-- Tenho a companhia das outras dunas, do sol, do vento e das caravanas que de vez em quando passam por aqui. Ás vezes faz muito calor, mas dá para aguentar. E como é viver aí em cima?
-- Também existe o vento e o sol, mas a vantagem é que posso passar pelo céu, e conhecer muita coisa.
-- Para mim a vida é curta - disse a duna. - Quando o vento retornar das florestas, irei desaparecer.-- E isso lhe entristece?
-- Me dá a impressão que não sirvo para nada.
-- Eu também sinto o mesmo. Assim que um novo vento passar, irei para o sul e me transformarei em chuva; entretanto esse é meu destino.
A duna hesitou um pouco, mas terminou dizendo:
-- Sabe que, aqui no deserto, nós chamamos a chuva de paraíso?
-- Eu não sabia que podia me transformar em algo tão importante - disse a nuvem, orgulhosa.
-- Já escutei várias lendas contadas por velhas dunas. Elas dizem que, após a chuva, nós ficamos cobertas de ervas e de flores. Mas nunca saberei o que é isso, porque no deserto chove muito raramente.
Foi a vez da nuvem ficar hesitante. Mas logo em seguida, tornou a abrir seu largo sorriso:
-- Se você quiser, eu posso lhe cobrir de chuva. Embora tenha acabado de chegar, estou apaixonada por você, e gostaria de ficar aqui para sempre.
-- Quando lhe vi pela primeira vez no céu, também me enamorei - disse a duna - mas se você transformar sua linda cabeleira branca em chuva, terminará morrendo.
-- O amor nunca morre - disse a nuvem - Ele se transforma; e eu quero lhe mostrar o Paraíso.
E começou a acariciar a duna com pequenas gotas; assim permaneceram juntas por muito tempo, até que um arco-íris apareceu.No dia seguinte, a pequena duna estava coberta de flores. Outras nuvens que passavam em direção á África, achavam que ali estava parte da floresta que andavam buscando, e despejaram mais chuva. Vinte anos depois, a duna havia se transformado num oásis, que refrescava os viajantes com a sombra de suas árvores. Tudo porque, um dia, uma nuvem apaixonada não tivera medo de se doar com amor.

autor: Paulo Coelho

terça-feira, 3 de julho de 2007

A Mágoa


A Mágoa

Você é do tipo que se magoa fácilmente? Pois saiba que a mágoa é um sentimento que se origina do amor-próprio.
Normalmente nos magoamos quando alguém é desleal conosco ou quando alguém age de forma contrária àquilo que desejaríamos.
Há pessoas que se magoam pelas coisas mais insignificantes, - que para elas se tornam super importantes - como quando um amigo esquece de lhe telefonar no dia do seu aniversário ou quando não são convidadas para determinado "programa" com os colegas de trabalho ou, até mesmo, quando algum conhecido passa por elas pela rua e não as cumprimenta.
O melindroso sempre encontra justificativas para se magoar. Ele está invariávelmente certo e os demais, segundo seu conceito, injustificávelmente mal intencionados. Esse é um comportamento que torna muito difícil o convívio.
Quem é que se sente à vontade com alguém que pode se ressentir ante a mais sutil contrariedade?
Essa é uma das desvantagens de quem é muito suscetível. Mas não é a única! A mágoa é como um ácido que corroe o frasco que o contém!
Gera estado patológico de humor, pois o melindrado sente uma necessidade enorme de demonstrar o seu descontentamento.
Por isso, às vezes uma pessoa está bem humorada mas quando se aproxima de quem a magoou, muda radicalmente de conduta, para deixar bem claro de que está ressentida.
Tais condicionamentos doentios, desequilibram as emoções e produzem efeitos inclusive sobre o organismo físico estimulando o aparecimento de disfunções nervosas, problemas de digestão, dores de cabeça, etc.
Além disso, para quem acredita, espíritos desencarnados em estado de depressão podem vir a se ligar à mente da pessoa, que, não raramente, se compraz na mágoa. Não se deixe abater pelas decepções da vida. Magoar-se não vai resolver problema algum; pelo contrário, vai agravá-lo mais ainda.
Não se esconda por detrás dos argumentos de que: "Não tem sangue de barata" ou de que "Não é capacho de ninguém". Coragem e dignidade se mostram com equilíbrio dos sentimentos.
Mas você não precisa fingir que não vê o mal que lhe fazem! Basta compreender que quem faz o mal o faz para si mesmo.
Ademais, tocar a vida com nobreza e esportividade é uma maneira muito mais inteligente de revelar o seu amor-próprio.
Pense que: A mágoa injustificada nubla a face da tua alegria.
Agasalhando-a, concedes o tempo precioso à argumentação íntima, desnecessária, que te agasta em combate inútil.

(Pensamento do livro: Repositório de sabedoria - Verbete: Mágoa.)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

A Doce Canção

A doce canção

Pus-me a cantar minha pena
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena.

Anjos de lira dourada
debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.

Acordei a quem dormia,
fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria
da minha boca se erguia
pondo o sonho e a vida juntos.

O mistério do meu canto,
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
- todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!

Por assim tão docemente
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o ausente,
para trazer o Universo
de pólo a pólo contente!

autora: Cecília Meireles

domingo, 1 de julho de 2007

A Cor da Lágrima


A Cor da Lágrima

Porque a lágrima não tem cor?
Enquanto chorava, me pus a pensar.
Se fosse vermelha como sangue,
As minhas vestes poderiam manchar.
Se a lágrima fosse amarela,
A cor da alegria,
Expressar tristeza
Jamais poderia
Se fosse azul,
A cor da serenidade,
Eu não choraria jamais.
Seria só tranqüilidade.
Se fosse branca,
Como pétalas de rosas,
Não seriam lágrimas...
Mas pérolas preciosas.
Ainda mais uma vez
Fiquei me questionando...
Porque a lágrima não tem cor?
Se ela fosse preta
Só expressaria o horror?
Porque será que a lágrima não tem cor?
A lágrima não tem cor...
Porque nem sempre exprime dor.
E se ela fosse roxa, como poderia
Expressar a alegria?
As lágrimas não têm cor
Porque são expressões da alma
Quando o espírito está chorando
O coração diz: tenha calma!
Se a lágrima tivesse cor
Deveria ter a cor do amor
Ou mesmo a cor da paixão
Que as vezes invade o coração.
Ou talvez a cor da tristeza
Que abala a alma e tira a calma
Mas faz em meu ser uma limpeza.
Se a lágrima tivesse cor
Poderia ser vermelha como o sangue.
A lágrima não tem cor.
Porque ela nos aproxima do nosso Criador.
Se a lágrima tivesse cor
Eu só iria chorar de alegria.
Mas, e a lágrima da saudade?
De que cor ela seria?
E a lágrima da decepção,
De que cor seria então?
Se a lágrima tivesse cor
Deveria ter a cor de um brilhante
Como a lágrima é preciosa
Deus deu-lhe a cor do diamante.

(A.D)